Argumentista de "The Hunt - A Caça"/"Jagten" (2012) e de "A Comuna"/"Kollectivet" (2016) de Thomas Vinterberg (ver "Contra a indiferença", de 17 de Março de 2013, e "O declínio do amor", de 29 de Agosto de 2016), o dinamarquês Tobias Lindholm é também realizador de cinema e autor do argumento dos seus próprios filmes. Dele estreou este ano em Portugal "Uma Guerra"/"Krigen" (2015), um filme curioso e interessante pelas questões que equaciona, se coloca e nos coloca.
Durante a guerra no Afeganistão, um comandante dinamarquês, Claus Michael Pedersen/Pilou Asbaek, dá ordem de fogo aos seus homens para os proteger, lhes permitir a retirada, com um ferido, e assim lhes salvar a vida. Sem saber que dentro do edifício alvejado estavam crianças.
Acusado, passada uma hora de filme na frente, de ser responsável pela morte de civis, é submetido a julgamento por tribunal militar no seu regresso à Dinamarca, onde o esperam a mulher, Maria/Tuva Novotny, e os seus três filhos.
A primeira questão que o filme levanta é se, com o conhecimento que tinha, o comandante Pedersen tinha legitimidade para naquele momento ordenar fogo sobre aquele edifício. Absolvido por causa do depoimento de uma testemunha, um dos seus homens que inventa o que diz para salvaguarda do seu comandante, a legitimidade dessa mentira é uma segunda questão interessante do filme.
Cinematograficamente escorreito e sem complicações formais, com uma primeira hora quase toda ela desprovida de música no teatro de operações "Uma Guerra" confronta-nos com factos que o tribunal desconhece (que a verdade perante ele afirmada é uma mentira) além daquilo que ele vai apreciar, que inclui fotografias que o protagonista desconhecia. Como em Alfred Hitchcock, o espectador sabe mais que algumas personagens, tanto como outras. Sozinho no escuro, no final Pedersen pensa.
Desçam das cómodas alturas cinéfilas em que se movem, da duração dos planos e dos movimentos de câmara aos actores sublimes, e vejam este filme e como ele, com ele pensem nas questões que em termos dilemáticos demonstrativamente coloca. Morrem na mesma, mas morrerão menos estúpidos.
Desçam das cómodas alturas cinéfilas em que se movem, da duração dos planos e dos movimentos de câmara aos actores sublimes, e vejam este filme e como ele, com ele pensem nas questões que em termos dilemáticos demonstrativamente coloca. Morrem na mesma, mas morrerão menos estúpidos.
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