Seis anos depois de "Poemas com Cinema", antologia por Joana Matos Frias, Luís Miguel Queirós e Rosa Maria Martelo (Lisboa: Assírio & Alvim, 2010), saiu este ano "Passagens: Poesia, Artes Plásticas (Antologia)", com selecção e prefácio de Joana Matos Frias (Lisboa: Assírio & Alvim, 2016), com outros poemas de alguns dos poetas constantes da escolha anterior e alguns de outros que dela não constavam, o que se compreende.
É importante o interesse da poesia portuguesa por artes de complexa e inquieta composição visual e aplaudem-se estas iniciativas promovidas com bom e aberto critério selectivo, por isso com escolhas muito diversificadas, sempre assumidamente subjectivas. Esta nova antologia "reúne composições de mais de 60 autores da Poesia Portuguesa dos Séculos XX-XXI explicitamente vinculadas ao domínio das artes plásticas, com destaque para a pintura", como é dito logo no início da apresentação, que esclarece intenções e critérios.
São bem vistos o "poema podendo servir de prefácio" e os "três textos podendo servir de posfácio", bem como o intuito de proporcionar "um singular panorama da poesia portuguesa moderna e contemprânea" respeitando os seus principais movimentos, "a par de uma ampla perspectivação verbal da história da arte ocidental", o que é conseguido. A identificação no final de todos os artistas e obras, de todos os poetas e poemas é muito útil.
São bem vistos o "poema podendo servir de prefácio" e os "três textos podendo servir de posfácio", bem como o intuito de proporcionar "um singular panorama da poesia portuguesa moderna e contemprânea" respeitando os seus principais movimentos, "a par de uma ampla perspectivação verbal da história da arte ocidental", o que é conseguido. A identificação no final de todos os artistas e obras, de todos os poetas e poemas é muito útil.
É bom conhecer de forma organizada o interesse dos poetas e da poesia por artes visuais que, com o seu olhar qualificado, numa relação saudável, emotiva e de clarividência poética vêm problematizar. E lembre-se que a pintura foi e continua a ser influência maior do cinema. Os poetas vêem com especial sensibilidade a arte que exploram visualmente e assim nas suas palavras descobrem e desvendam com a poesia. Parafraseando pelo reverso Maria Filomena Molder, o acto de ver será num poeta uma forma de criação poética (1).
Saúdo a organizadora de "Passagens: Poesia, Artes Plásticas (Antologia)" por mais este livro, pelo seu critério exigente, pela qualidade e diversidade das suas escolhas, em que noto e estranho, contudo, como na anterior, a ausência pelo menos do João Miguel Fernandes Jorge - um poeta em condições de fazer quando quiser as suas próprias antologias, como fez Jorge de Sena. Uma nova antologia poética que reúne alguma da melhor poesia portuguesa sobre alguma da melhor pintura e escultura da história da arte, estabelecida com bom gosto e equilíbrio, é muito útil e esclarecedora. Muito boa e por isso aqui a recomendo.
Nota
(1) Cf. Maria Filomena Molder: "La Bibliothèque en Feu", in Telhados de Vidro, nº 21, Agosto 2016, páginas 189-210, pág. 191.
Nota
(1) Cf. Maria Filomena Molder: "La Bibliothèque en Feu", in Telhados de Vidro, nº 21, Agosto 2016, páginas 189-210, pág. 191.
Caro Carlos Melo Ferreira,
ResponderEliminarmuito obrigada pela sua atenciosa leitura da Antologia. Queria apenas dizer-lhe que, neste como noutros casos similares, houve poetas que não autorizaram a inclusão dos respectivos textos na colectânea. O JMFJ, tal como o JMM, está ausente desta e de todas as antologias de poesia portuguesa contemporânea por vontade própria. É de facto uma grande perda para os leitores, sobretudo quando se trata de livros relacionados com aspectos tão importantes na sua obra como as artes plásticas ou o cinema. E assim se compreende inteiramente o título que, há uns anos, o poeta Manuel de Freitas decidiu atribuir à sua Antologia: «A Perspectiva da Morte: 20(-2) Poetas Portugueses do Século XX». Parece que será sempre assim, menos dois.
Cordialmente,
JMF
Muito obrigado pelo seu esclarecimento.
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