Imparável no seu ritmo de um filme por ano, Woody Allen realizou e escreveu "Café Society" (2016), filme situado nos anos 30 do Século XX entre Hollywood e New York que agora estreou entre nós.
Percebia-se melhor se situasse o seu filme no seu próprio tempo, os anos 60/70, mas a sua "mania das grandezas" leva-o para a mítica "época de ouro" do cinema americano, fundadora de uma ideia importante do cinema, o
que até faz sentido em quem já revisitou os anos 20 em "Meia-Noite em
Paris"/" Midnight in Paris" (2011) com sucesso assinalável. Assim, a reconstituição a que procede envolve os grandes realizadores, produtores, actores e actrizes e os grandes estúdios pioneiros do cinema sonoro.
Um sobrinho jovem, Bobby/Jesse Eisenberg, parte de New York para Hollywood onde está bem estabelecido o seu tio Phil Stern/Steve Carell, casado e que tem uma secretária, Vonnie/Kristen Stewart, que vai estar na origem de um problema complexo.
Numa família judia, o que tem mais graça são as piadas de judeus que envolvem Evelyn/Sari Lennick, irmã de Bobby, e Ben/Corey Stoll, o seu irmão mais velho (é pior ser assassino ou ser cristão? pergunta no final a primeira sobre o segundo, para o qual nenhum problema apresentara qualquer complexidade), bem tratados em termos de situações e de diálogos, secos e elípticos. O mais é melodrama xaroposo e previsível revisitação de uma época através de lugares-comuns, que confirma o espectador que pretende edificar sem minimamente o inquietar.
O lugar-comum chega até ao pôr-do sol em Central Park, uns anos depois do regresso de Bobby a New York, que se salva, como todo o filme, graças à fotografia de Vittorio Storaro na sua primeira colaboração com o cineasta.
A propósito do cinema americano poderíamos esperar e desejar mais e melhor do que o mero folclore hollywoodiano e judeu de época que o cineasta, arquitectura incluída, achou por bem aqui nos servir, mostrando que já conheceu melhores dias e melhores filmes.
Sobre Woody Allen ver "Um americano em Paris", de 12 de Agosto de 2012, "Blue Moon", de 21 de Setembro de 2013, "O dom e o sinal", de 13 de Setembro de 2014, e "Um homem sombrio", de 21 de Setembro de 2015.
Sobre Woody Allen ver "Um americano em Paris", de 12 de Agosto de 2012, "Blue Moon", de 21 de Setembro de 2013, "O dom e o sinal", de 13 de Setembro de 2014, e "Um homem sombrio", de 21 de Setembro de 2015.
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