“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Pierre Étaix (1928-2016)

   Foi o mais importante actor e cineasta de comédia francês do pós-guerra a seguir a Jacques Tati, com uma personagem e um cinema muito diferentes dos dele mas ao seu nível. Também desenhador e ilustrador, artista de variedades e de circo, daí tirou o melhor proveito na construção dos seus filmes e das suas personagens em que se inspirava no cinema mudo - Max Linder, Buster Keaton, nomeadamente.
   Assistente de Jacques Tati em "O Meu Tio"/"Mon Oncle", teve o melhor da sua obra, incluindo três curtas-metragens - "Rupture" (1961), "Heureux Anniversaire" (1962), "Insomnie" (1963) -, centrado nos anos 60, com "O Apaixonado"/"Le soupirant" (1962), "Yoyo" (1965), "Entretanto Haja Saúde"/"Tant qu'on a la santé" (1966), "O Grande Amor"/"Le grand amour" (1969), em que contou com Jean-Claude Carrière como co-argumentista, e aí construiu uma personagem, Pierre que ele próprio interpretava, cheia de ternura e expressividade, desastrada mas sempre apaixonada.  
                            
    Fez ainda o documentário "Pays de cocagne" (1971) e "L'âge de monsieur est avancé" (1987), mais algumas curtas, duas para cinema e duas para televisão - uma de cada sobre Georges Méliès-, e o documentário "J'écris dans l'espace" (1989). Em 1971 tinha fundado a École Nationale du Cirque com a sua mulher Annie Fratellini.  
   Como actor tinha-se estreado em "O Carteirista"/"Pickpocket", de Robert Bresson" (1959), participou em "The Day the Clown Cried", de Jerry Lewis (1972), em "Max, Meu Amor"/"Max mon amour", de Nagisa Oshima (1986) e "Henry e June"/"Henry & June", de Philip Kaufman (1990), em "Jardins de Outono"/"Jardins en automne" (2006) e "Chantapras" (2010), ambos de Otar Iosseliani, e despediu-se em "Le Havre", de Aki Kaurismäki (2011) e "Chant d'hiver", de Otar Iosseliani, que ainda não estreou entre nós.
   A sua morte no passado dia 14 de Outubro foi completamente ignorada pela imprensa portuguesa. Aqui o recordo como grande figura do cinema, uma arte que Pierre Étaix honrou com a sua inspiração e o seu talento, reconhecido com a atribuição de diversos prémios importantes a alguns dos seus filmes.

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