“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Alguns livros de 2016

     Num ano de abundante publicação de livros portugueses sobre cinema e áreas afins não é fácil dar conta de tudo em pouco espaço. Faço o possível por destacar o mais importante, observando que este ano foi particularmente fértil em livros sobre a escrita do cinema e o  argumento.
    Na Sistema Solar/Documenta assinalo a publicação dos excelentes "A escrita do cinema: Ensaios", com organização de Clara Rowland e José Bértolo (ainda com data de 2015), e já no final do ano "Fotogramas - Ensaios sobre fotografia", com coordenação e organização de Margarida Medeiros. De Sérgio Dias Branco saiu nesta editora "Por Dentro das Imagens - Obras de cinema. Ideias de cinema", que inclui textos anteriormente publicados do autor, e de Tomás Maia "O Olho Divino - Beckett e o Cinema", que resgata do esquecimento uma relação muito importante lembrada por Gilled Deleuze em "A Imagem-Movimento". Ainda na mesma editora, saiu de Sousa Dias "O riso de Mozart - música pintura cinema literatura" e este autor é responsável pela nova tradução portuguesa de "A Imagem-Tempo", de Gilles Deleuze, publicada ainda em 2015.
                                       Imagem da capa                                  
   Nas Edições Colibri destaco "Cinema El dorado - cinema e modernidade", de Fernando Guimarães, que apresenta, refundidos, os textos de artigos e comunicações do autor, "Mulheres Fatais, Detetives Solitários e Criminosos Loucos" e a 2ª edição do "Manual de Guionismo", ambos de João de Mancelos, e ainda com data de 2015 "Cem Dias À Sombra da Torre de Babel do Século XXI - Novas Crónicas Pedagógicas", de Christopher Damien Auretta, um autor erudito que não se esquece neste seu novo livro de voltar a dedicar um largo espaço ao cinema. De António Júlio Rebelo saiu também nesta mesma editora "A Maldade no Cinema de Ingmar Bergman", que adapta e acrescenta um trabalho académico.
   Nas Edições 70 saíram, já no final do ano, "O Trabalho no Ecrã. Memórias e Identidades Sociais Através do Cinema", com coordenação de Frédéric Vidal  e Luísa Veloso, e "Literatura e Cinema. Vergílio Ferreira e o Espaço do Indizível", de Luís Miguel Cardoso. Na Bertrand foi publicado "Como Ver Um Filme", de David Thomson, e na Objectiva "Woody Allen, O Último Génio", de Natalio Grueso.
                                            
   Na Texto & Grafia saíram "O Exercício do Argumento", de Jean-Claude Carrière e Pascal Bonitzer, um livro já antigo (1990) mas muito bom, "O Cinema Pornográfico", de Julian Sarbois, oportuno, e a 3ª edição de "A Audiovisão - Som e Imagem no Cinema", de Michel Chion. Na Cotovia saiu "Falso Movimento: Ensaios sobre escrita e cinema", com organização de Clara Rowland e Tom Conley. A Angelus Novus publicou "O Cinema que Faz Escrever: textos críticos", uma selecção de escritos do francês Serge Daney (1944-1992).
   De Antóno Pedro Vasconcelos saiu "A Companhia dos Livros" (Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores Edições, 2016) e o livro de conversas com José Jorge Letria "Um cineasta condenado a ser livre" (Lisboa: Guerra & Paz, 2016). De Jorge Leitão Ramos foi publicado "José Fonseca e Costa - Um Africano Sedutor" (Lisboa: Guerra & Paz, 2016).
                                        FAMÍLIA AEMINIUM by Pedro Costa and Rui Chafes
    A Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema dedicou catálogos valiosos a Henrique Espírito Santo, José Fonseca e Costa (1933-2015) e Alberto Seixas Santos (1936-2016), no prosseguimento de uma louvável  linha editorial voltada para o cinema português que ameaça tornar-se linha única, o que não é saudável. Pelo seu mérito especial devo aqui mencionar "Pensar História da Arte - Estudos de Homenagem a José-Augusto França", com coordenação de Pedro Flor (Lisboa: Esfera do Caos, 2016), que colige as principais comunicações ao IV Congresso Internacional da Associação Portuguesa de Historiadores da Arte (Novembro de 2012), e "Teoria do Acto Icónico", de Horst Bredekamp (Lisboa: KKYM, 2015).
   Destaque para os três volumes de "You're Living For Nothing Now", um belo projecto de fotografia de André Príncipe (Pierre von Kleist editions, 2016). Mas o livro do ano foi para mim "Família Aeminium", de Pedro Costa e Rui Chafes (Pierre von Kleist editions, 2016), um livro belo e sombrio sobre a exposição de ambos com o mesmo título (ver "O espaço e o seu uso", de 14 de Dezembro de 2015). Do primeiro saiu também o livro "Cavalo Dinheiro" que acompanha a edição dvd do filme. Sobre ambos ver "Relações fortes", de 19 de Dezembro de 2016.

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