“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sábado, 17 de dezembro de 2016

Até sempre

  O Teatro da Cornucópia, em Lisboa, encerra a sua excepcional actividade, segundo anunciou ontem Luís Miguel Cintra, com uma festa a realizar hoje nas suas instalações, com o lançamento do segundo volume do Livro/Catálogo "Teatro da Cornucópia - Espectáculos 2002/2016", o lançamento da edição dvd da filmagem do seu espectáculo Fim de Citação por Joaquim Pinto e Nuno Leonel e um recital de poesia, com entrada livre, de Guillaume Apollinaire, às 16 horas.
  O Luís Miguel tinha anunciado há três anos que o fim do Teatro da Cornucópia podia estar próximo (ver "Vamos ao teatro", de 17 de Março de 2013), o que agora infelizmente acontece com grande prejuízo para o teatro português e em Portugal.
                     
   A Cornucópia foi a mais importante companhia portuguesa de teatro independente, com uma actividade regular notabilíssima que a tornou uma referência do teatro europeu. A sua continuação impunha-se desde que estivesse assegurada a possibilidade de trabalhar ao nível a que sempre trabalhou. Não se tornando tal possível, compreendo a decisão da companhia de cessar aqui a sua actividade "por respeito pelo público".
   Levianos e incultos, os tempos que correm não são propícios à mais elevada qualidade nem no teatro nem na cultura em geral. A grande exigência da Cornucópia em tudo aquilo que fazia não levava a que a sua actividade fosse bem vista e uma política desastrosa, sem referências bastantes para o sector acabou por conduzir a este desfecho.
   Aqui aplaudo calorosamente a actividade de tantos anos desta grande companhia de teatro independente, todos os actores, encenadores e técnicos que nela participaram e em especial o grande actor e encenador do nosso tempo, Luís Miguel Cintra, figura maior da cultura portuguesa contemporânea, Prémio Pessoa em 2005. Apareçam todos hoje no Teatro do Bairro Alto para a despedida.

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