“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Indispensável partilha

   "Amanhã"/"Demain", de Cyril Dion e Mélanie Laurent (2015), é um excelente documentário sobre o "estado do mundo" e o que há que fazer para dele sair. O que há que fazer a partir de agora, de amanhã, para o que em cada uma das suas cinco partes apresenta algumas questões tal como elas estão a ser enfrentadas já. 
                     Un projet de permaculture cité en exemple dans « Demain »
    Sobre agricultura, energia, dinheiro, democracia e ensino, este documentário percorre o mundo em procura de novas soluções, de novas respostas que estão neste momento já a ser dadas, e é em todos os pontos de uma clareza impressionante porque dá a palavra àqueles que protagonizam essas mudanças.
   Um primeiro ponto comum entre as cinco questões, que se seguem a um prólogo muito importante, é que a diversidade é sempre melhor do que a concentração. Um segundo ponto comum é que se trata de soluções complementares, não alternativas. O terceiro é que as novas soluções estão nas mãos de todos e de cada um de nós. O quarto é que não se pode contemporizar com os interesses e os poderes estabelecidos ou esperar por eles, que por si próprios manterão e até agravarão o presente estado de coisas. Um quinto ponto é que temos todos que falar uns com os outros a este respeito, sem receio de o fazer. Por último, tem que se começar já. 
                    Gram_sabha_15
      A grande vantagem do invento dos irmãos Lumière é mesmo a de permitir fazer filmes como este, em que se parte do real que se mostra e se dá a palavra àqueles que estão a mudar a realidade. Com o meu modo de vida atribulado, que me leva a chegar muitas vezes com atraso a cada novo filme que se estreia, ainda consegui ter tempo para assistir à única sessão diária a uma hora complicada. Mesmo assim, estava muita gente a assistir.
     É preciso que o maior número de pessoas possível veja este documentário indispensável, movido por um espírito de partilha, que é tudo menos indiferente. O que aqui está não passa no discurso da generalidade dos "políticos profissionais", demasiado ocupados com os cenários macro-económicos e as leis do mercado para atenderem a estas minudências, eles que se revezam no poder sempre ao serviço dos mais poderosos, cujos interesses acima de tudo servem e defendem. 
                     K3-finlande
     As mudanças em curso, que deparam por vezes com a oposição dos poderes estabelecidos, estão a começar por baixo, onde nos movemos, e assim devem continuar a acontecer. E passem a palavra. Embora a proposta deste filme não seja a única possível, é preciso conhecê-la e ponderá-la como ela merece.

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