"11 Minutos"/"11 minut", o mais recente filme do polaco Jerzy Skolimovski (2015), não acresecenta nada de especialmente importante à sua já vasta obra, embora também nada lhe retire nem a diminua. De facto, percorre um caminho anteriormente seguido por "Amor Cão"/"Amores perros", de Alejandro Gonzalez Iñarritu (2000), e por "Colisão"/"Crash", de Paul Haggis (2004), o de um acidente simultâneo com diversos intervenientes, apenas com a originalidade de colocar o acidente no final do filme e de não haver relação aparente entre todos os envolvidos
Ao descrever os onze minutos finais de cada um deles, o cineasta joga com a simultaneidade de diferentes circunstâncias pessoais com o ponto comum da passagem de um avião e de um ponto não revelado no espaço para alguns deles. Mesmo assim, aqueles breves minutos dilatam-se graças à montagem e acabam por nos interessar por cada uma das personagens, que desconhecem todas elas o que num brevíssimo lapso de tempo as espera.
Para quem conhece o talento deste contemporâneo de Roman Polanski, que como ele procurou os caminhos do exílio do seu país nos anos 60 para a ele regressar mais recentemente e onde fez "Quatro Noites com Ana"/"Cztery nori z Anna" (2008) seguido do mais internacional "Essential Killing - Matar para Viver"/"Essential Killing" (2010), à primeira vista a presente é uma obra a atribuir a simples divertimento e prova de engenho como um "exercício de estilo".
Se se entender "11 Minutos" como tal, penso que ele pode ser visto como uma fantasia sagaz de quem quer manter-se em actividade. E nessa medida é um exercício de estilo inteligente e conseguido. Mas também se lhe pode chamar mestria, considerando especialmente que é também um filme sobre o cinema, sobre o olhar e a sonegação de ver, e que Jerzy Skolimovski continua a ser argumentista dos seus próprios filmes que realiza um a um com apuro técnico e grande pertinência narrativa e estética. Ou de como um pequeno filme pode ser tão importante como qualquer outro bom filme.
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