"Hell or High Water: Custe o Que Custar!"/"Hell or High Water", de David Mackenzie (2016), é um filme curioso, que remete para o cinema clássico americano, nomeadamente Raoul Walsh, para o western de um outro inglês em Hollywood, "Terra perdida"/"The Hi-Lo Country", de Stephan Frears (1998), e mesmo para "Indomável"/"True Grit", de Joen e Ethan Coen (2010), por causa da presença em ambos do mesmo actor, Jeff Bridges.
Narra os assaltos a bancos de dois irmãos, Tanner/Ben Foster que cumpriu pena de prisão e Toby Howard/Chris Pine que acompanhou a mãe de ambos até ao fim, para obterem o dinheiro que lhes permita resgatar a hipoteca do rancho da família de que são proprietários no Oeste do Texas, e a perseguição que lhes é movida pelos Rangers Marcus Hamilton/Jeff Bridges que está à beira da reforma e Albert Parker/Gil Birmingham que é mestiço.
Os contrastes estabelecidos, entre os dois irmãos, que como os comanches são "inimigos de todos" segundo um diálogo do filme, entre os perseguidores e entre uns e os outros estão bem resolvidos, e a aproximação da montanha, que culmina com a morte de Albert e de Tanner, remete para os clássicos de Raoul Walsh "O Último Refúgio"/"High Sierra" (1941) e "Golpe de Misericórdia"/"Colorado Territory" (1949), entre outros. Depois disso as coisas acalmam e o filme acaba em surdina entre Marcus e Toby.
A crítica do sistema na sua crise do ponto de vista dos que com ela mais sofrem está bem feita e é oportuna enquanto o trabalho dos actores é decisivo neste filme indie que já foi qualificado nos Estados Unidos como misógino, o que é verdade sem consequências, e racista, o que não considero especialmente notório.
Com argumento de Taylor Sheridan, boa fotografia de Giles Nuttgens, música de Nick Cave e Warren Ellis, montagem de Jake Roberts, "Hell or High Water: Custe o Que Custar!" conta com uma realização clássica de David Mackenzie que o valoriza.
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