"Abus de
faiblesse" é o mais recente filme da francesa Catherine Breillat (2013),
um filme estranho e provocador marcado por mais uma grande interpretação de
Isabelle Huppert como Maud Schainberg, uma realizadora de cinema que, depois de
ter tido uma hemorragia cerebral, prepara um filme.
A actriz tem um trabalho excelente e muito difícil, porque a sua personagem fica com partes do corpo afectadas, a perna e a mão do lado esquerdo, o que a força a um acentuado claudicar e a uma posição estranha do braço e da mão.
Maud fica presa a um homem, um escroque que viu na televisão, Viko Piran/Kool Shen (um novo actor francês prometedor), e quer fazer dele o actor do seu novo filme. Com esse pretexto passam a encontrar-se com frequência e ele vai, a pouco e pouco, estorquir-lhe avultadas somas de dinheiro. No que ela consente passando-lhe cheques sucessivos.
Na estranha relação que entre eles se estabelece os contactos de ambos são feitos por repetido recurso ao telemóvel, com ela frequentemente deitada, mas também na rua e em casa dela, e depois de ela ter tido novos ataques ele acaba por ir dormir a casa dela. Até a um início de reembolso da sua dívida.
Há amigos e familiares de Maud que a alertam para a gravidade da situação, mas ela a ninguém dá ouvidos. Até que arranja uma pistola que não usa e acaba por, confrontada com a avultada soma entregue sem explicações, explicar o que acontecera dizendo que, ao fazê-lo, era ela e não era ela.
O primeiro-plano final de Maud é espantosamente utilizado por Isabelle Huppert para dizer tudo por palavras e exprimir tudo com o rosto.
A realização de Catherine Breillet é segura e muito boa, com excelente aproveitamento dos espaços, composição dos planos e uso das cores e das formas. Ela é também autora do argumento que se baseia na sua experiência de um avc (ela própria se cruza com Maud no hospital, logo no início) e em factos reais Até eu, que não sou um incondicional da cineasta, apreciei.
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