“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tudo é ilusão

       "Mulholland Drive", de David Lynch (2001), surge como o prosseguimento da obra abissal do cineasta pelos caminhos da emoção e da surpresa, em que estamos habituados a reconhecê-lo.
      A narrativa labiríntica do filme acompanha Rita/Laura Elena Harring da famosa colina sobre Hollywood, onde tem uma surpresa e um acidente de viação, ao encontro imprevisto e improvável de uma jovem recém-chegada à meca do cinema, Betty Elms/Naomi Watts. A partir desse encontro abrem-se linhas de fuga para uma e para a outra, que levam Betty à tentativa de se submeter a provas para entrar no mundo do cinema e conduzem Rita para as rotas desconhecidas do passado, ela que perdeu a memória em consequência do acidente sofrido, em busca da sua verdadeira identidade, depois de por diversas vezes adormecer e acordar. Num ponto, porém, elas convergem, que é o Club Silencio, onde as voz evocadora da cantora as leva  às lágrimas. Mas é depois disso que a chave, que saíra inicialmente, depois dos maços de notas, da mala de Rita, dela volta a sair para abrir a caixa que entretanto saíra da mala de Betty no final do espectáculo do Teatro Silencio, e a partir daí a situação reverte: Betty afinal é Diane Selwyn (quem Rita pensara ser) que acorda, Rita é Camilla, por quem ela se apaixonara.