"Mulholland Drive", de
David Lynch (2001), surge como o prosseguimento da obra abissal do cineasta
pelos caminhos da emoção e da surpresa, em que estamos habituados a
reconhecê-lo.
A
narrativa labiríntica do filme acompanha Rita/Laura Elena Harring da famosa
colina sobre Hollywood, onde tem uma surpresa e um acidente de viação, ao
encontro imprevisto e improvável de uma jovem recém-chegada à meca do cinema,
Betty Elms/Naomi Watts. A partir desse encontro abrem-se linhas de fuga para
uma e para a outra, que levam Betty à tentativa de se submeter a provas para
entrar no mundo do cinema e conduzem Rita para as rotas desconhecidas do
passado, ela que perdeu a memória em consequência do acidente sofrido, em busca
da sua verdadeira identidade, depois de por diversas vezes adormecer e acordar. Num ponto, porém, elas convergem, que é o Club
Silencio, onde as voz evocadora da cantora as leva às lágrimas. Mas é depois disso que a
chave, que saíra inicialmente, depois dos maços de notas, da mala de Rita, dela
volta a sair para abrir a caixa que entretanto saíra da mala de Betty no final
do espectáculo do Teatro Silencio, e a partir daí a situação reverte: Betty
afinal é Diane Selwyn (quem Rita pensara ser) que acorda, Rita é Camilla, por quem ela se apaixonara.