“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Em que língua?

    "Terceiro Andar" é um díptico de Luciana Fina (2016) em dois ecrãs afastados um do outro ao mesmo tempo, filmado no Bairro da Colónias, em Lisboa, com duas mulheres africanas, Fatumata e Aissato, que se interrogam em fula e em português.
    Em primeiro lugar noto que enquanto as imagens se sucedem sobre os dois ecrãs se escutam vozes femininas não síncronas com as imagens das duas mulheres que, entretanto, assumem expressões e olhares diferentes. Em segundo lugar observo que o diálogo que se ouve, que não provém nem do espaço do plano nem do seu fora de campo mas pertence à banda sonora, respeita às dificuldades de escolher uma língua para comunicar a tradição respectiva ou para uma simples declaração de amor.
                    
      Em looping, este díptico funciona como instalação e permite a Luciana Fina experiências muito curiosas com o tempo, a imagem e o som, além de colocar de forma poética questões muito interessantes entre mãe e filha. 
       A raiz aérea de uma planta tropical atravessa o vão da escada do prédio, que estabelece a vertical na horizontal dos ecrãs. E há um outro som, um ruído de proveniência indeterminada. Até 23 de Janeiro de 2017 no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (estreou durante o Doclisboa 2016).

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