"Milagre no Rio Hudson"/"Sully", de Clint Eastwood (2016), confirma o cineasta como o grande clássico do cinema americano de hoje. Com argumento de Todd Komarnicki baseado em "Highest Duty", de Chesley 'Sully' Sullenberger e Jeffrey Zaslow (está publicado em português), o filme regressa pormenorizadamente a um episódio célebre da história recente da aviação civil americana, decorrido em 15 de Janeiro de 2009 sobre New York.
Com a excelente interpretação de Tom Hanks como Sully no seu primeiro trabalho com o cineasta, o filme reconstitui o referido episódio com rigor e brio sobre uma cidade traumatizada por aviões a baixa altitude, com a aterragem do avião no Hudson bem reconstituída em estúdio e o salvamento rodado nos próprios locais.
Tudo visto e ponderado, o protagonista limitou-se a usar a sua perícia como piloto de aviação experimentado e, devidamente assistido pelo co-piloto Jeff Skyles/Aaron Eckhart, tomou a decisão certa que lhe cabia no momento decisivo. A reconstituição da sua audição perante a comissão de inquérito está muito boa e revela de novo a capacidade de decisão de Sully no tempo certo.
Numa filmografia extensa e rica, o herói americano deste filme de Clint Eastwood, um americano tranquilo, responde bem ao herói de guerra de "Sniper Americano/"American Sniper" (2014), o seu filme anterior, que se compreende num homem que, como muitos outros, é contra a guerra do Iraque. Sully é em "Milagre no Rio Hudson" o herói americano clássico, à justa medida de um filme classicamente bem feito, com fotografia de Tom Stern, que colabora com o cineasta desde "Blood Work - Dívida de Sangue"/"Blood Work" (2002). E fica bem o verdadeiro Chesley 'Sully' Sullenberger aparecer no genérico de fim.
Devo dizer que aprecio o espírito crítico de Clint Eastwood e a sua capacidade de pôr em causa as suas convicções e as dos espectadores, o que é sempre justamente utilizado e não rejeita o louvor quando devido, embora no melhor da sua obra prevaleça, de facto, um sopro trágico. Howard Hawks (1896-1977), que era piloto aviador e à aviação dedicou alguns dos seus melhores filmes, teria apreciado especialmente este seu último filme.
Sobre Clint Eastwood ver "Sabedoria", de 11 de Fevereiro de 2012, "Controverso", de 17 de Março de 2013, "Domínio absoluto", de 29 de Setembro de 2014 e "Uma lenda americana, ou duas", de 31 de Janeiro de 2015.
Nota
Para conhecer melhor a complexidade e o interesse do cineasta, do actor e dos seus filmes são muito aconselháveis, de Richard Schinkel, o documentário para televisão "O Factor Eastwood"/"The Eastwood Factor" (2010) e o livro "Clint: A Retrospective" (New York: Sterling, 2011), que mereciam ser agora actualizados.
Devo dizer que aprecio o espírito crítico de Clint Eastwood e a sua capacidade de pôr em causa as suas convicções e as dos espectadores, o que é sempre justamente utilizado e não rejeita o louvor quando devido, embora no melhor da sua obra prevaleça, de facto, um sopro trágico. Howard Hawks (1896-1977), que era piloto aviador e à aviação dedicou alguns dos seus melhores filmes, teria apreciado especialmente este seu último filme.
Sobre Clint Eastwood ver "Sabedoria", de 11 de Fevereiro de 2012, "Controverso", de 17 de Março de 2013, "Domínio absoluto", de 29 de Setembro de 2014 e "Uma lenda americana, ou duas", de 31 de Janeiro de 2015.
Nota
Para conhecer melhor a complexidade e o interesse do cineasta, do actor e dos seus filmes são muito aconselháveis, de Richard Schinkel, o documentário para televisão "O Factor Eastwood"/"The Eastwood Factor" (2010) e o livro "Clint: A Retrospective" (New York: Sterling, 2011), que mereciam ser agora actualizados.
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