“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Uma odisseia americana

    "No Coração do Mar"/"In the Heart of the Sea" (2015) é um dos melhores filmes do experiente realizador americano Ron Howard, de quem está actualmente em cartaz a terceira adaptação de Dan Brown, "Inferno" (2016).
                      In the Heart of the Sea
    Com argumento de Charles Leavitt a partir de história sua, de Rick Jaffa e Amanda Silver, descreve a viagem marítima que terá estado na origem do clássico "Moby Dick", de Herman Melville. Um velho marinheiro, Tom Nickerson/Brendan Gleeson, conta relutantemente ao escritor ainda jovem/Ben Whishaw como um navio partiu para a caça ao óleo de baleia ainda no início do Século XIX, em 1820, sob o comando de George Pollard/Benjamin Walker e com Owen Chase/Chris Hemsworth como imediato.
     Depois da partida com a oratória do discurso à distância em fundo, ao longo da viagem, que parte do Atlântico para chegar ao Pacífico, evidenciam-se as divergências e a rivalidade entre ambos até que o navio se incendeia e afunda ao fim da primeira hora do filme. Assim, a sua segunda parte trata dos esforços dos náufragos para sobreviverem e envolve a pesca da baleia propriamente dita.
                    
    Feito ao estilo actual de planos curtos e movimentos de câmara rápidos, "No Coração do Mar" remete para o romance clássico de Melville mas também para o filme que lhe dedicou John Huston em 1956. Partindo de uma ideia original, explora bem o seu tema sem se deixar enredar nas malhas do grande espectáculo, que não enjeita de todo com a sua criação digital do meio marítimo, preferindo manter-se-se ao nível dos conflitos humanos que encena em espaços exíguos e sobrepovoados.
   Com fotografia de Anthony Dod Mantle, música de Roque Baños, montagem de Dan Hanley e Mike Hill, e actores muito bons, na sua construção elíptica com recurso a uma voz-off, a do narrador, é um dos melhores filmes do cineasta que conheço, o que não tem nada a ver com o sucesso de bilheteira que ele tenha ou não tenha tido.

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