“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Uma noite comum

   Na passada segunda-feira, 28 de Novembro, depois dos filmes do festival "ARTE fait son cinéma" que tem neste momento a decorrer o Arte emitiu ainda "Sombras"/"Schatten, eine nächtichle Halluzination", filme mudo de Arthur Robison (1923), que é um dos mais célebres do expressionismo alemão. Em cópia restaurada e com as tintagens originais recuperadas.
                     
   Trata.se de um dos primeiros filmes sobre o próprio cinema, pois durante ele o "mostrador de sombras" mostra à sua distinta audiência um espectáculo de projecção de sombras que recria o que entre os membros dela está a suceder. Com traços expressionistas nítidos, o que me leva a recordar que o expressionismo não foi uma vanguarda artística dos anos 10/20 do Século XX porque não foi um movimento moderno ou modernista, antes esteve ligado ao Século XIX alemão. Sem embargo do que contribuiu para o reconhecimento do cinema como arte.
   A seguir a este filme histórico que não via há muito, o Arte transmitiu ainda duas fantásticas curtas-metragens de Charles Chaplin do período Essanay, de 1915. Uma noite comum no Arte, que costuma dedicar pelo menos uma noite por mês ao cinema mudo.   

                Carlitos empapelador.jpg                         
   Lembro a propósito que o título francês de "Sombras", "Le montreur d'ombres", inspirou o francês Jacques Aumont, que é um especialista distinto em Sergei Eisenstein, para o título de um dos seus últimos livros, "Le montreur d'ombre - Essai sur le cinéma" (Paris: Vrin, 2012), em que trata de demonstrar, contra ideias feitas, que "o cinema foi, em larga medida, uma arte da sombra e talvez mesmo a arte da sombra por excelência." Aproveito para aqui o aconselhar.

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